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Paula Souto – Direito/2012

2 anos, 7 meses e 7 dias.

Esse foi o período que tive que esperar para ter a felicidade de ver minha primeira aprovação.

Foi um tempo difícil, solitário, de questionamentos, e mais do que tudo: de estudo.

Do dia em que decidi largar o emprego e mudar de vida, até o instante em que vi meu nome na lista de aprovados, foram muitos momentos, bons e ruins, de esperança e desespero, de agonia e de felicidade.

Não é fácil. Nunca foi. Mas hoje tenho certeza de que é possível.

Já fui uma daquelas pessoas que fugia de concurso público porque achava que não tinha perfil de estudiosa, que não conseguiria passar horas em silêncio, só lendo. Não me imaginava anos só estudando, sem nenhuma certeza, sem nenhuma previsão de resultado a curto prazo.

Me imaginava desistindo na primeira reprovação, tinha pavor de pensar em ficar sem meu próprio dinheiro, de falar para as pessoas que o que eu fazia da vida era estudar para concurso público.

Mas a vinda ensina. E ela praticamente me obrigou a arriscar.

Saí do meu antigo emprego na primeira metade de 2010, e já arrisquei fazer os concursos militares que aconteceram no segundo semestre daquele ano.

Que desastre. Reprovações catastróficas, daquelas em que você nem pensa em ter chance de fazer a nota mínima que o concurso pede.

Não sabia como estudar, por onde começar. Não tinha pique de estudo, ficava inquieta, não me concentrava… todos os meus medos virando realidade.

Em 2011 tentei melhorar, consegui focar um pouco mais, ainda com dificuldade, mas parecia saber um pouco mais o que estava fazendo.

Outro ano de reprovações. Não fiquei sequer em uma lista de aprovados mas não majorados…reprovação direta.

Percebi que alguma coisa estava errada, que eu precisava mudar. 2012 não poderia ser um ano igual. Eu precisava pelo menos entrar numa lista de majorados. Meu objetivo para 2012 era pelo menos conseguir ser reserva e participar das outras etapas do concurso para me animar. Precisava desse estímulo.

Mudei.

Comecei a estudar em dezembro de 2011, como se a prova fosse em janeiro. Procurei uma biblioteca e passei a estudar lá. Fiz um curso específico de Direito Militar. Determinei metas diárias e semanais. Me obriguei a fazer uma carga horária semanal mínima.

Abandonei festas, encontros com amigas. Eliminei distrações. Larguei meu sagrado volei de praia, meus circuitos de areia, e até minhas corridas. Antes eu estava tão preparada para a prova física, que até parecia que ela era antes da teórica.

E fui. Dia após dia. Mês após mês.

Relaxar, só aos domingos, e nada muito pesado. Noites de sono e corpo descansado eram essenciais.

Um primeiro semestre entediante, sem provas, sem editais. Não fazia outros concursos públicos. Quem é da área de Direito precisa aceitar que escolher concursos militares é o mesmo que deixar de ser competitivo em todos os outros. São editais muito diferentes, e Direito Militar quase não cai em concurso civil nenhum.

Não é fácil abrir mão de tudo que você mais gosta para passar o dia inteiro sentada estudando. É solitário, é angustiante.

Mas vale a pena.

Hoje, dia 30/12/2012 posso dizer que bati minha própria meta.

Queria conseguir sair da lista de reprovados e entrar na de majorados.

Hoje sou 5o lugar no Exército Brasileiro, 1o lugar parcial na Aeronáutica, e uma das 20 aprovadas dentre mais de 2 mil candidatos para a 2a fase da Marinha do Brasil.

Em 2 anos, 7 meses e 7 dias eu não só deixei de ser uma reprovada para estar entre os titulares…

Eu deixei de ser uma garota medrosa e insegura e aprendi que só eu posso impor limites a mim mesma.

Boa sorte para todos os que continuam na luta. Espero que minha história incentive pelo menos um de vocês.

Feliz 2013.

Paula Souto – 5ª colocada – Direito – Rio de Janeiro/RJ

Paula Souto

Paula Borges

Formada em Direito e aprovada no concurso da EsFCEx 2012.

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