Olá amigos,

Meu nome é Letícia Telles e sou a segunda colocada na especialidade Comunicação Social do concurso da Esfcex desse ano. Sempre que eu lia os depoimentos no blog do Emanuel ficava me perguntando o que eu escreveria quando chegasse a minha vez. Agora, diante da oportunidade, acho que mais importante do que dar dicas de estudo é falar aos que estão sonhando com o concurso que no meu caso, assim como de vários outros aprovados, foi fundamental entender e transformar a dificuldade em oportunidade. Óbvio que isso não aconteceu de forma simples e para que vocês entendam como foi a minha caminhada, vou contar um pouco da minha história.

Eu me formei em Comunicação Social com habilitação em jornalismo pela Universidade Federal de Sergipe no ano de 2008. Na época, achava que meu destino era fazer mestrado, pois sempre gostei de estudar os assuntos da minha área e tentava evitar a instabilidade das redações de jornais e dos empregos pra jornalistas.

Formanda em maio, não conseguia encontrar emprego. Praticamente todo mundo da minha turma já estava trabalhando, mas eu nada!! Um mês depois de formada consegui encontrar um trabalho em um ONG, mas com apenas 20 dias que eu estava lá a ONG fechou por falta de recursos! Fiquei novamente desempregada e com uma angústia enorme (eu não podia me dar ao luxo de ficar sem emprego).

Diante da falta do que fazer comecei a procurar concursos na minha área. Nossa, eles eram raros e sempre com pouquíssimas vagas. O pessoal de comunicação sabe bem do que estou falando. Mesmo assim comecei a estudar e quando já estava entrando no ritmo surgiu um emprego pra trabalhar em um Portal. Não deixei a oportunidade passar, mas continuei estudando no pouco tempo livre que eu tinha.

Um dia, ainda nesse mesmo ano de 2008, vi na internet que ia ter concurso pra Aeronáutica e que tinha vaga pra jornalista!!! Li e reli o edital e descobri que eram oito vagas pra jornalismo, que a prova tinha que ser feita em Salvador e que era um concurso temporário para o quadro QCOA, acho que muita gente já ouviu falar.

Viajei pra Salvador, fiz a prova e adivinhem, passei em quarto lugar. Do nada a minha vida se transformou. Depois das escolhas a minha vaga foi pra o Rio de Janeiro e eu não poderia estar mais feliz. Fui pra o Rio, comecei a trabalhar e afirmo que foi uma fase maravilhosa na minha vida. Eu amava a cidade, adorava meu trabalho, mas a sombra de ser temporária não me deixava em paz. Eu vivia com medo de passar os oito anos e ter que voltar pra Aracaju sem emprego. Diante disso, voltei a estudar e fazer alguns concursos.

Com quase dois anos de FAB fui aprovada também na minha área na Defensoria Pública da União. Na época fiquei com muita dúvida se deveria ou não tomar posse. Explico: o primeiro motivo que me deixou sem saber o que fazer foi o fato de o salário ser menor, bem menor, na verdade. O segundo é que a vaga era pra Belém, bem distante da minha casa e com fama de ser muito cara. Após refletir cheguei à conclusão que precisava usar a cabeça, dar o famoso passo pra trás. Encarei o desafio cheia de medo e vim embora, sozinha, eu e minhas malas.

Eu não tinha ideia ainda de quanta coisa iria acontecer e do tamanho da experiência que eu iria adquirir. Após mais de três anos posso afirmar que foram anos muito difíceis, vendo minha família de seis em seis meses, morrendo de saudades e sentindo uma solidão imensa. Perdi as contas de quantos finais de semana passei em casa sozinha.Tenho certeza que só consegui aguentar porque pessoas maravilhosas cruzaram o meu caminho, e nesse momento aproveito pra fazer um agradecimento especial ao povo paraense, tenho certeza que só aguentei por causa dos maravilhosos amigos que fiz aqui.

Eu nunca tinha feito a prova do exército até que uma grande amiga falou do concurso e disse que iria tentar. Ela passou pra mim o endereço do blog do Emanuel e disse que lá tinham muitas informações e dicas. Entrei no blog, comecei a reunir a bibliografia indicada e fui me informando sobre os melhores livros e etc. Comecei a estudar sério e posso afirmar que esse é um dos pré-requisitos para atingir a aprovação nesse concurso: a determinação. Estudei, fiz a prova e quando saiu o resultado fui a 4º colocada do ano de 2012 em Comunicação Social. Fiquei muito feliz porque realmente não esperava.

Pensei que aquele fosse um sinal de Deus pra me mostrar que eu estava no caminho certo, pois estudar pra o exército fazia com que eu abrisse mão dos outros concursos, já que o assunto é muito específico, fora que o fato de serem apenas duas vagas por ano me deixava muito insegura. No entanto, todas as vezes que esse pensamento passava pela minha cabeça eu pedia a Deus fé no meu projeto, paciência e persistência. Quando desanimava imaginava a possibilidade de dar a notícia da aprovação a minha família, de avisar que no próximo ano eu estaria mais perto.

Quando começou 2013 resolvi que precisava estudar ainda mais. Com o tempo você percebe que estudar é um hábito que no meu caso precisava ser praticado todos os dias. Não vou dizer que deixei completamente de sair ou me divertir, mas posso afirmar que praticamente cortei qualquer coisa que pudesse atrapalhar o dia seguinte de estudos. A minha vida era trabalho, resolver coisas do dia a dia, como supermercado, médicos e etc e estudo.

Eu estudava todos os dias. Muitas vezes não conseguia fazer isso muito tempo pelos meus diversos afazeres, mas tentava estar em contanto com os livros sempre. Assim, estabeleci que estudaria específico todo dia pelo fato de ser peso três e que as demais disciplinas eu iria alternar.

Pra ser muito sincera não estudei todo o conteúdo, principalmente da minha área. Era muita coisa e eu precisava aprender bem, pois não adianta ir pra prova do exército sabendo mais ou menos. No dia da prova fiz uma oração, pedi a Deus tranquilidade para lembrar tudo o que tinha estudado e sempre repetia a mim mesma que eu tinha feito tudo que podia, isso é fundamental para manter a confiança.

Quando saí da prova não tinha muita noção de como tinha ido, mas resolvi tocar minha vida e não ficar na paranoia. Pena que não adiantou rs rs Foram dois meses árduos de espera, principalmente na última semana: eu não tinha sossego e não deixava ninguém ter. Felizmente quando saiu o resultado foi uma sensação indescritível, finalmente eu poderia dizer a minha mãe as palavras que tinham passado pela minha cabeça tantas vezes.

Acho que o segredo para passar nesse concurso é acreditar no sonho, acreditar em si mesmo e ter fé que Deus sempre coloca as coisas na hora certa. Quando estamos envolvidos na preparação é difícil não titubear, são muitas dúvidas e a insegurança está sempre rondando. Nessa hora eu ligava pra minha amiga Marciele, que esse ano passou pra oficial da Marinha, pedia ajuda e sempre encontrava consolo. Também tive palavras amigas de tanta gente que não quero citar nomes para não correr o risco de esquecer alguém. Espero que todos tenham alguém sábio ao lado com palavras de esperança e persistência, é fundamental estar rodeado de pessoas que acreditam e embarcam no sonho junto com você.

No mais, desejo um ano de 2014 de ótimos estudos para os que acreditam que o Exército é o caminho das suas vidas e uma trajetória cheia de paz e esperança.

 

Letícia Telles Barreto –  2ª Colocada em Comunicação Social – EsFCEx 2013