Aos colegas ávidos pelos depoimentos pós resultado do concurso (e assim eu também era…) peço desculpas pela demora. Optei por escrever meu depoimento somente após a realização dos eventos complementares, posteriores ao exame intelectual. Assim, apto na inspeção de saúde e no exame de aptidão física, sinto-me mais confortável e seguro para relatar meu histórico com o concurso da Esfcex.

Percebo este espaço como um dos mais importantes do Rumo à Esfcex. Nele encontrava motivação para os momentos de desânimo, dicas para o melhor planejamento dos estudos e a demonstração de que pessoas com inúmeras dificuldades e limitações conseguiram aprovação no certame.

Meu namoro com o concurso começou em 2011, primeiro ano em que fora ofertado vaga para a minha especialidade, Biblioteconomia. Por ter ciência do volume de conteúdos a ser cobrado e o pouco tempo para estudo, resolvi não prestar a prova naquele ano. Ao conhecer o Rumo à Esfcex, tomei maior conhecimento do que era QCO, sua função, os conteúdos exigidos, vagas, relatos…

Até o anúncio do concurso de 2011, estava numa condição bem confortável, a qual costumo denominar “zona de conforto”, ou seja, já era servidor público federal, quase estável, com cargo dentro da minha formação. Assim, desde o término de minha graduação não mais havia me dedicado aos estudos para concursos (passei antes de me formar…).

Vi no concurso da Esfcex uma oportunidade para retomada para os estudos, assim como o desejo de ingressar nas fileiras do Exército Brasileiro.

Entretanto, o ano de 2012, apesar de dedicar-me aos estudos, não logrei aprovações. Consegui ótimos resultados, mas dos três que prestei, bati na trave em todos. Como teste dos estudos da Esfcex, prestei o concurso do TRF 2ª região RJ/ES. Apesar não constar vagas abertas, a concorrência foi alta e me classifiquei em quarto. Prestei ainda o concurso da Esfcex, onde apesar de classificado entre os majorados – fiquei em nono – estive bem longe do número de vagas, uma das razões que me levou a não dar continuidade aos eventos complementares (IS e EAF).  A outra razão foi que no outro concurso que prestei, para o Quadro Técnico da Marinha, consegui um ótimo resultado, do ponto de vista geral, mas que não me valeu muito coisa.

Para o cargo de bibliotecário foi ofertada uma vaga. Fiquei classificado em segundo. Participei dos eventos complementares e nutria uma grande esperança no aumento do número de vagas, o que aconteceu para todas as especialidades do QT, exceto a minha área e Contábeis. Conclusão: uma grandiosa decepção, frustração e sensação de impotência que se arrastou até o mês de março de 2013.

A partir do insucesso no QT MB, novamente foquei meus estudos para a Esfcex e procurei esquecer qualquer outro concurso, independente da esfera e remuneração. Assim, estudei bem pesado a partir da segunda quinzena de março, abril, maio e junho.

Por trabalhar somente no horário da tarde, tinha a parte da manhã toda livre e tentava explorá-la da melhor maneira possível. Começava os estudos às 6 horas e cumpria a missão até às 11 horas. Nos finais de semana, estudava o sábado durante todo o dia e aos domingo a parte de manhã. Reservava a parte da tarde/noite do domingo para repor o sono perdido ao longo da semana. Consegui seguir tal planejamento até junho.

Nos mês de julho, passei por uma fase de desânimo, um verdadeiro deserto, sem esperança de êxito no concurso, momento em que pensei e recebi incentivo de muitos colegas e docentes em dedicar-me à docência. Para tanto, se fazia necessário o ingresso num programa de pós-graduação. Prova de que abandonei por completo o projeto Esfcex foi que cheguei até a elaborar um pré-projeto, consegui aprovação de professor e tudo mais.

Numa tarde, no gramado do campus caminhando em direção à biblioteca onde trabalho, me perguntei: onde quero estar daqui há cinco anos? Como docente, técnico ou como militar do EB. Foi aí que resolvi retomar os estudos para Esfcex. A essa época, com o edital já publicado, inscrições próximas do fim, temia por mais um insucesso. Foi neste momento que recebi uma grande prova de amor e incentivo de minha esposa. Insistiu e me apoio para que eu tentasse, ainda que ao menos como teste. Assim, no penúltimo dia me inscrevi para o concurso.

Aqui abro um parêntese para agradecer de forma especial à minha esposa. Sem o seu suporte, entendimento, auxílio, incentivo, abnegação, nada disso seria possível. Muito obrigado, Christiane!

Pois bem, inscrito, restava-me batalhar contra o tempo perdido. Tinha pouco mais de um mês e muita coisa ainda para estudar, principalmente as novas referências cobradas. Aproveitei que havia programado as férias para o mês de setembro (justamente para dedicar-me à revisão). Esse foi o período mais “punk” dos estudos, afinal possuia pouco tempo, muito conteúdo para revisar e novos conteúdos para aprender. Portanto, estabeleci um planejamento de ao menos 10 horas de estudo. Nem todos os dias consegui cumprir, mas no geral foi bom! Lógico que não recomendo uma carga tão grande para ninguém!

Realizada a prova, apesar da boa pontuação, não esperava passar no número de vagas. Prova disso que, na tarde que seguia à realização do exame, corrigi juntamente com a Ana Izabel (a 1ª colocada de minha especialidade) a prova e chegamos a conclusão que dificilmente lograríamos êxito. Brincamos que estaríamos em Salvador em março a passeio, mas não para ingresso na Esfcex! Todavia, para minha surpresa veio a aprovação!

Bom, depois de tanto escrever relatando um pouco de minha história, passo a destacar alguns pontos que considero essenciais na preparação:

– qual o segredo da aprovação? Não existe segredo, macete, bizu ou coisa que o valha! O mais importante é o trabalho (sim, estudo é um trabalho!). Tal como os atletas treinam anos para alcançar a excelência, é somente com o acúmulo de treino ou estudo que obtemos sucesso;

– estudar toda a referência de Conhecimento Específico. Mesmo os livros mais esdrúxulos e desatualizados. Nisso não há como fugir;

– quanto aos conhecimentos gerais, em 2013 basicamente só revisei o que havia estudado em 2012. Mais uma vez percebo a importância do acúmulo de estudo. Como não tinha muito tempo fora o horário da manhã e me desloco de ônibus para o meu local de trabalho, esqueci por completo o celular com música, filme ou qualquer outra coisa. Nos ônibus estudava pelos meus resumos de História e Geografia;

– reserve um tempo para exercícios físicos. Isso é importante tanto para aliviar a mente, como para já treinar o seu corpo para os testes físicos. A despeito do EAF, aproveito o ensejo para dizer que o treinamento deve se iniciar muito antes do resultado do exame intelectual. Eu corro ao menos quatro vezes por semana na praia. Todavia, até o resultado do EI, o único tipo de barra que conhecia era a barra de chocolate, quando muito de cereal. Resultado: passei o maior aperto para executar a barra fixa. Tive que recorrer a personal trainer e fisioterapeuta, pois do contrário não daria conta;

– igualmente é importante reservar um tempo para cuidar do lado espiritual. Independente da fé que professamos, a crença nos ajuda a enxergar que não somos auto-suficientes e, ao mesmo tempo, nos dá mais confiança;

– quanto aos livros de Conhecimento Específico, destaco duas obras que considero essenciais: Geografia do Brasil (Lygia Terra) e História do Brasil (Maria Yedda Linhares). Os demais são importantes, mas os dois acima nos dão uma visão muito ampla e técnica das temáticas cobradas no EI;

Por fim, se você conseguiu chegar até o fim do meu texto (valente!), faço a seguir alguns agradecimentos:  primeiro ao Tenente Emanuel, ao seu altruísmo por ter criado este belo espaço que me serviu de motivação e norte. Apesar de não ser muito ativo na participação no fórum e criação de conteúdo, não houve uma semana sequer que eu tenha deixado de acessar o Rumo à Esfcex!

Destaco, ainda, o salutar companheirismo que reina aqui. Mais do que concorrentes, somos companheiros de missão. Foi por aqui que conheci meus futuros colegas, principalmente a Ana Izabel.

E, terminando, mais uma vez agradeço à minha esposa, Christiane. Não posso, ainda,  esquecer-me de Deus-Pai, pela saúde tanto física quanto mental, além da oportunidade de realizar o sonho. Nosso sucesso é o misto de FÉ + TRABALHO.

Agradeço a atenção de todos vocês, coloco-me à disposição para mais esclarecimentos e torço muito pelo sucesso de todos!

CLÁUDIO FRANÇA – Vila Velha – ES

2º COLOCADO – ESPECIALIDADE BIBLIOTECONOMIA