aos que obtiverem exito em ter seus nomes como aprovados para as próximas fases do certame, considerando que falta menos de uma semana para o resultado da prova escrita, deixo um texto escrito pelo Major Bach, do exército norte americano, no início do do século passado voltado para os concludentes da formação do curso de Oficiais e que foi proferido como conselhos a respeito da liderança.
O texto foi extraído do site da Associação dos Oficiais da Polícia Militar do Estado de São Paulo: http://www.aomesp.com.br/a-oracao-do-major-bach-567.html . Não o considero uma oração, por convicções pessoais, mas o texto em si é muito bom e emociona bastante. Para quem tiver interesse no original em inglês basta pesquisar no google "Major C. A. Bach leadership" e um dos primeiros links é o da Universidade da Força Aérea norte americana.
“Dentro de pouco tempo cada um de vós controlará a vida de um punhado de homens. Tereis a vosso cargo cidadãos leais mas inexperientes, que olharão para vós, buscando instrução e orientação.
Vossa palavra será a sua lei. Vossa observação mais casual será sempre lembrada. Vosso gesto será imitado. Imitados serão também o vosso porte, o vosso vocabulário e vossa maneira de comandar.
Quando vos juntardes às vossas unidades, encontrareis um conjunto de homens cheios de esperança, que esperam de vós apenas as qualidades que lhes gerem respeito, a lealdade e a obediência.
Eles estarão prontos e ansiosos para vos seguir enquanto puderes convencê-los de que realmente possuís aquelas qualidades. Quando isso não mais acontecer, só vos restará a despedida, porque ali a vossa vaidade já terá chegado ao fim.
Somente no serviço militar, onde homens sacrificam livremente suas vidas por um ideal, onde anseiam sofrer e morrer pelo direito ou pela prevenção de um grande mal, é que se pode realizar a liderança em seu sentido mais desinteressado e exaltado. Por isso, quando falo em liderança, refiro-me à liderança militar.
Os soldados podem seguir, no combate, oficiais que não sejam líderes, mas a força que os conduz é a disciplina e não o entusiasmo. Eles vão na dúvida, tremendo, e, com um terrível medo nos corações apertados, terão sempre pronta a pergunta sem resposta: “Que fará ele agora?” […]
A arte de comandar é uma composição de um certo número de qualidades. Entre as mais importantes, eu vos apontaria: auto-confiança, ascendência moral, espírito de sacrifício, paternalismo, lealdade, iniciativa, decisão, dignidade, coragem. […]
Auto confiança resulta, primeiro, do perfeito preparo profissional; segundo, de habilidades em transmitir esse conhecimento; e, terceiro, do sentimento de superioridade em que daí decorre naturalmente. Tudo isso configura o porte do oficial.
Para comandar, precisais saber. Podereis iludir os vossos comandados durante algum tempo, mas não por todo tempo. Os homens não terão confiança em um oficial, a menos que ele conheça o seu trabalho, e num nível bem superior ao seu. […]
O Oficial não deve saber tão somente os deveres de seu posto mas ainda o de dois postos acima do seu. Há nisto um duplo benefício. Preparar-se para responsabilidades que poderão cair, a qualquer momento, sobre os seus ombros, durante o combate, e alargará sua visão, colocando-se em condições de compreender melhor as ordens de seus superiores e de cumpri-las de forma mais inteligente.
Não basta que o oficial saiba. É preciso ser capaz de dizer o que sabe em linguagem correta, agradável, vigorosa. Deve ser capaz de firmar-se em seus calcanhares e falar com desembaraço.
Enquanto auto-confiança resulta de saber mais do que os vossos subordinados, a ascendência moral sobre eles se baseia na crença de que sois realmente o melhor homem. Para alcançar e assegurar essas ascendências deveis ter auto-controle, vitalidade física, resistência e força moral. Controlai vossas emoções de tal forma, que mesmo no combate, não deixais transparecer que tenhas medo. É que um movimento descontrolado, um tremer de mãos, uma mudança de expressão ou uma ordem precipitada, logo revogado, revelará vossa condição mental e isso se refletirá desfavoravelmente em vossos homens, em escala muito maior.
No quartel ou em campanha, vosso controle emocional e a tranqüilidade de vosso espírito serão, muitas vezes, experimentados pelas circunstâncias. Se perderdes a calma, não sereis homens capacitados a comandar. Homens possuídos pela raiva dizem e fazem coisas de que invariavelmente se arrependem mais tarde. Um oficial não deve pedir desculpas a seus homens, mas, por outro lado, jamais deverá ser culpado de um ato pelo qual o seu senso de justiça o aconselha a justificar-se.
A força moral é o terceiro elemento propulsor da ascendência. Para exercê-la é mister viver dignamente, ter discernimento para distinguir o certo e vontade para fazer somente o que é direito. Sede um exemplo para vossos homens. Um oficial pode ser uma força para o bem ou para o mal. Não pregueis para eles – isso seria pior do que inútil. Vivei a vida a que desejais conduzi-los e vos surpreendereis com o número dos que o imitarão.
Espíritos de sacrifício é essencial para comandar. Dareis, todo tempo. Dareis de vós mesmos, fisicamente, durante muitas horas. O trabalho mais duro e a maior responsabilidade são o quinhão do comandante. É o primeiro a levantar-se e o último a descansar. Enquanto os outros dormem, ele trabalha. […]
Quando um de vossos homens fizer um trabalho merecedor de elogio, dai-lhe a devida recompensa. Removei céu e terra para que ele a receba. Não tenteis vos apropriar de glória do feito de vossos subordinados. Podereis fazê-lo facilmente, mas perdereis o respeito e a lealdade de vossos homens. Cedo ou tarde vossos companheiros descobrirão e vos enxotarão como um leproso. Na guerra a glória e bastante para todos. O homem que sempre tira e nunca dá, não é um líder. É um parasita.
O oficial insolente e prepotente é um covarde. É como se, amarrando um homem a uma árvore, com as cordas da disciplina, o esbofeteasse na certeza de que não poderá reagir.
A consideração, a cortesia e o respeito devidos pelos oficiais aos seus soldados não são incompatíveis com a disciplina, mas parte de nossa disciplina. Sem iniciativa e decisão nenhum homem pode esperar seu chefe.
Qualquer ordem razoável em uma emergência é melhor que nenhuma. A situação esta ali. Enfrentai-a. É melhor fazer alguma coisa, mesmo errada, do que hesitar, procurar à volta a solução exata e, afinal, nada fazer. E, tendo decidido por uma linha de ação mantende-vos firme nela. Não vacileis. Os homens não têm confiança no oficial que não é senhor de si próprio.
A dignidade pessoal é importante na liderança militar. Sede amigos de vossos homens, mas não vos tornais íntimos. Vossos homens devem respeitar-vos, mas não temer-vos. Se eles se tornam familiares, a culpa é vossa, não deles.Vossas ações os encorajaram a proceder assim.
E então eu mencionei a coragem. Precisareis de coragem moral tanto quanto de coragem física – aquela espécie de coragem moral que vos permitirá seguir, sem hesitação o caminho escolhido.
Cada vez que mudardes vossas ordens, sem razão lógica, perdereis em autoridades e na confiança de vossos homens. Tende a coragem moral de permanecerdes fiéis às vossas decisões e manterdes vossas ordens até que tenham produzido resultados.
Sede prudente ao exigirdes coragem de vossos homens. Não exijais o que não puderdes fazer. Não mandeis nenhum homem a lugar onde não iríeis. Deveis lembrar que sua vida é tão valiosa quanto a vossa.”
abraços
Rodolfo
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